Todos sentimos a perda, sejamos nós o que formos
Hoje dei por mim a relembrar-me do porquê de gostar muito mais dos animais do que do ser humano.
Dirigi-me para o carro que estava estacionado junto a um jardim e acendi um cigarro. Enquanto desfrutava do meu vício matinal antes me de colocar em marcha, dei por mim perdido em pensamentos quotidianos, mas os quais não conseguia de todo alinhavar devido a um chilrear crescente. Após uma procura mais atenta, encontrei o responsável. Um comum pardal, pousado no chão. Ao lado de outro pardal que jazia imóvel. Morto.
Desconheço a razão. Apenas sei que naqueles 5 minutos que se arrastaram por uma eternidade, o sonoro pardal não vacilou do lado do seu companheiro. E aquilo tocou-me profundamente. Os animais têm atitudes mais humanas do que os próprios humanos. Sentem a dor da perda talvez melhor que nós.
Tomei a única atitude que me pareceu digna. Tomei o corpo tombado do animal e dirigi-me a um canteiro de roseiras que poucos dias antes havia ali sido tratado. A terra ainda revolta. Cobri o corpo já frio e assim fiquei em silêncio. Respeito.
Espero que ele tenha tido uma vida plena. Que tenha planado este mundo e o outro.
Enquanto seres humanos, deixamos muito a desejar. Os animais ensinam-nos lições valiosas.